domingo, janeiro 28, 2007

O espírito da auto-ajuda



Joseph Climber

Todos os chefes que já tive usavam a auto-ajuda como uma espécie de tábua de salvação ou muleta emocional - e, infelizmente, não tinham a fineza de manter seus pobres subordinados longe de sua delirante filosofia de vida. Nos últimos três anos já fui compulsoriamente a três palestras do gênero, e acho impressionante o modo como todas soam idênticas. É uma verdadeira receita de bolo! O palestrante age de modo semelhante ao de um apresentador de programas de auditório, com maior ênfase no "show" do que no "business", no caso.

O esquema é o de sempre. Primeiro, algumas piadas e brincadeiras bobas para que a platéia e o "showman" se entrosem (e caiam na risada). Depois, alguns gráficos e fotos, powerpoint ou slides, de modo que possam se encaixar os assuntos relacionados à empresa convidada no miolo do seminário. Em seguida, as clássicas histórias e causos (mais risadas), para mostrar como as dicas e conselhos do palestrante estão certos. Encerrando, apagam-se as luzes, dão-se as mãos e dá-lhe "É preciso saber viver", geralmente na versão dos Titãs, para que o povo vá as lágrimas - muitas vezes, de raiva.

A última que tive o desprazer de assistir foi lamentável. Quiseram fazer uma terrível analogia, comparando o monólogo do guru (novato), com o vôo de um avião. Assim, antes de começarem a embromação, uma voz nos auto-falantes alertava o público para "a decolagem", e antes que o povo saísse da sala, surgia novamente a voz para recomendar a todos que "apertassem os cintos para o pouso".

Faltando alguns minutos para o fim, eu e outros colegas impacientes com a demora já havíamos levantado para sair, porém um membro da organização nos barrou - insistia para que sentássemos até que o avião tocasse o solo e pudéssemos descer com segurança.

Constrangedor.
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