quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Empregado, este ilustre desconhecido



Minha chefe pode ser considerada uma peça extremamente rara. Ou, na melhor das hipóteses, uma pessoa avoada. Senão, vejamos:

Tenho uma colega, veterana de empresa, conhecida de todo mundo. Dessas pessoas carismáticas ao extremo, tão populares que ao trombar no corredor com um indivíduo desconhecido que lhe cumprimenta efusivamente, é incapaz de não retribuir o gesto - ainda que nunca tenha visto o dito cujo antes. Acredito que você tenha conseguido entender a idéia. Bem, recentemente numa dessas reorganizações de cargos e redistribuições de tarefas pelas quais passamos diariamente em nossa organização, por uma destas fatalidades do destino, a coitada acabou parando ao lado da mesa de nossa querida e destemida líder. Sim, para trabalhar. Doze horas de labuta ali, naquele canto que todos chamam carinhosamente de "boca do inferno".

Por algum motivo obscuro, ou tão profundo que somente uma mente privilegiada como a de uma chefia poderia elaborar, minha colega tornou-se praticamente uma faz-tudo para nossa honorável chefe. Copiar um documento? É com ela. Pegar um cafézinho? Opa, estamos aqui pra isso. Arrumar o pino da cadeira da rainha da Inglaterra? Manda bala.

O curioso é que isso está há apenas alguns anos-luz das atribuições que lhe seriam cabíveis. Mas tudo bem: é trabalho e alguém tinha que fazê-lo. Essa rotina de pequenas tarefinhas se arrastaram ao longo de alguns meses. Minha colega tinha a forte suspeita de que nossa amada rainha fazia isso apenas por uma questão de preguiça - afinal, ela estava ali, logo a mão, "não fazendo nada, mesmo". Eu já sou da idéia de que - bem, quem se importa?

Eis que, um belo dia, numa dessas reorganizações de cargos e redistribuições de tarefas pelas quais passamos diariamente em nossa organização, por uma destas fatalidades do destino, a coitada acabou saindo do lado da mesa de nossa querida e destemida líder. Foi transferida para um serviço aleatório qualquer, nada premeditado. Ganhou, além de uma certa paz de espírito, algumas dezenas de metros de distância da "boca do inferno". Pensou em mandar um saco de pedras para nossa guia espiritual como presente de despedida, mas achou que poderia ser mal-interpretada, então deixou pra lá e continuou com sua vida.

Semana passada, o incrível ser que chamamos de chefe passava por esta minha colega, quando soltou a seguinte pérola:

"-Ora, uma nova funcionária chega e nem me apresentaram!"

Será que trabalhamos na mesma dimensão?



BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina